Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
As fusões e aquisições no setor elétrico brasileiro devem aumentar no início do próximo ano. Aos poucos, os temores com a Europa diminuirão e os investidores terão uma visão mais clara sobre o crescimento da maior economia da América Latina, aponta o escritório de advocacia que auxilia a chinesa State Grid a comprar ativos no Brasil.
"Há muitos projetos e, quando as condições financeiras forem mais favoráveis, eles serão concretizados", afirma José Roberto Martins, sócio da Trench, Rossi e Watanabe, escritório encarregado de projetos de energia, mineração, petroquímica e infraestrutura. A empresa ajudou a State Grid a comprar os ativos brasileiros da espanhola Actividades de Construccion y Servicios, por R$ 1,86 bilhão.
É nas áreas de transmissão e energia eólica que Martins espera a maior consolidação. "Não há como evitar fusões e aquisições no setor de energia eólica. Acredito que veremos muito disso nos próximos dois anos", diz em entrevista a Dow Jones. "O setor de transmissão também tem muitas oportunidades", continuou.
As empresas europeias ajudaram muito a expandir a rede de energia brasileira, mas a atual crise no continente levou algumas delas a se desfazer de ativos.
Os temores continuam grandes por causa da crise soberana europeia e do crescimento abaixo do esperado do Brasil. Por isso, as fusões não devem aumentar tanto neste ano, segundo Martins. O excesso de dependência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obtenção de empréstimos é outro impedimento para as aquisições.
"O modelo de empréstimo até agora foi via BNDES, com o setor elétrico recebendo uma boa parte dos recursos. Mas, com a demanda de outras áreas, não deve ser suficiente para o que o setor elétrico precisa", avalia Martins. Por causa da tradicional dependência das empresas brasileiras do banco público, tudo é padronizado e há uma criatividade limitada das companhias para procurar financiamento, afirma.
Com a produção industrial brasileira em desaceleração, as companhias elétricas também enfrentam o risco de terem sobrestimadas a demanda e as receitas. "A indústria elétrica brasileira tem muitos riscos pré-operacionais", diz Martins. "Você precisa ter um produto bem definido e que ofereça algumas garantias", conclui.
(Dow Jones)
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