Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
Após o Governo Federal anunciar que as pesquisas de aproveitamento hídrico do Rio Tapajós, promovidas pela Eletrobras, foram suspensas, os índios da tribo Munduruku decidiram libertar, na noite deste domingo (23/06), os três biólogos sequestrados na última sexta-feira (21/06), no sul do Pará. Os profissionais foram apreendidos enquanto pesquisavam a vegetação e os animais da região.
A suspensão dos estudos de impactos na região foi uma exigência dos indígenas, que reclamam não terem sido ouvidos antes do início das pesquisas. Por parte do Governo, a negociação foi conduzida pela Funai, por meio da assessoria da Presidência. O Governo aceitou a suspensão e acertou com os índios uma reunião para julho, em Jacareacanga, a fim de pactuar um processo de consulta nos termos da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Os resultados dos estudos de flora e fauna serviriam de subsídio para um futuro estudo de impacto ambiental, necessário à construção do Complexo Hidrelétrico do Tapajós, que prevê a instalação das usinas de São Luiz do Tapajós, próximo a Itaituba, e Jatobá, perto de Jacareacanga.
De acordo com a assessoria da empresa, embora estivessem relativamente próximos aos limites da Terra Indígena Munduruku, em momento algum os pesquisadores e a equipe que os acompanhava entraram na reserva. Ainda segundo a assessoria da Eletrobras, o mastozoólogo (especialista em mamíferos) Djalma Nóbrega e os ictiólogos (especialista em peixes) José Guimarães e Luiz Peixoto prestavam serviços a Concremat, empresa contratada pela Eletrobras.
O grupo munduruku é o mesmo que, em protesto contra os projetos de aproveitamento hídrico dos rios da região, só no último mês, ocupou por duas vezes o principal canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (11.233MW), próximo a Altamira (PA). Foram eles também que, no início do mês, viajaram a Brasília e se reuniram com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e outros representantes do governo. Insatisfeito com as negociações, o grupo ocupou ainda a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) antes de retornar ao Pará, prometendo se unir a outras etnias indígenas a fim de barrar a construção de usinas hidrelétricas.
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