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Casa dos Ventos e Vale fecham parceria

Casa dos Ventos e Vale fecham parceria

Em: 17/01/2019 às 08:37h por

A Casa dos Ventos e a Vale assinaram uma parceria na qual a companhia de energia eólica do empresário Mário Araripe vai fornecer energia para a mineradora por 20 anos, a partir de 2023. Em 2022, a Vale pode exercer uma opção e comprar parte ou a totalidade do empreendimento, que terá 151,2 megawatts (MW) e ficará em Campo Formoso, na Bahia.

O contrato foi pensado para garantir uma atratividade adicional para a mineradora caso esta decida pela opção de compra. A fatia de energia correspondente à participação vai se enquadrar como autoprodução, isenta do pagamento de encargos setoriais como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo setorial pago por todos os consumidores via tarifa. A fonte renovável garante outra vantagem, que é o desconto de 50% na tarifa de transmissão de energia.

O investimento no parque eólico Folha Larga Sul, de R$ 750 milhões, é da Casa dos Ventos, que já assegurou R$ 550 milhões com o Banco Nacional do Nordeste (BNB), segundo Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da companhia. Os outros R$ 200 milhões serão capital próprio.

"O setor mudou muito, o mercado regulado está muito competitivo, com preços que não viabilizam os investimentos", disse Araripe. Para a Casa dos Ventos, o projeto surgiu como uma alternativa para viabilizar novos empreendimentos. Uma fatia pequena da garantia física do projeto foi vendida no leilão A-6 de agosto passado, para garantir agilidade na concessão da outorga do projeto e também acesso à transmissão. Como o parque eólico ficará pronto em 2020 e o contrato do mercado regulado só vale em 2024, essa energia já foi vendida, por meio de leilão privado, no mercado livre.

A partir de 2023, a Vale vai consumir 60% da energia do empreendimento. A mineradora pode comprar uma fatia minoritária, 60%, ou a totalidade do ativo, explicou Ricardo Mendes, gerente executivo de energia da Vale.

"A opção de aquisição é mais um passo para a meta da Vale de atingir 100% de autoprodução a partir de fontes renováveis", disse Mendes. Hoje, a companhia atingiu 55% de seu consumo de energia nessa categoria. Caso a companhia compre 100% do empreendimento, o percentual deve subir para algo em torno de 62%.

De acordo com as duas partes, o contrato com a opção de compra é inédito. "Assim, conseguimos gerar financiabilidade para o projeto, e reduzir custos na Vale, que terá previsibilidade de custos em um cenário de alta volatilidade de preços de energia", disse Mendes.

Outra vantagem competitiva para o negócio com a Casa dos Ventos, de acordo com Araripe, é que os riscos de construção do empreendimento ficam com a companhia, uma vez que a Vale só assumirá uma fatia, se for o caso, quando ele estiver operacional.

No mesmo leilão A-6, a Casa dos Ventos vendeu ainda parcela de outro projeto, no Rio Grande do Norte (RN), que terá 420 MW de potência. A ideia da companhia é fazer contratos de longo prazo semelhantes com grandes consumidores de energia.

"Criamos um produto replicável, entendemos que tem um nicho para isso", disse o diretor financeiro da Casa dos Ventos, Ivan Hong. Se aparecerem clientes com interesse em contratos de longo prazo no modelo tradicional, sem a opção de compra, a companhia tem flexibilidade para fechar novos negócios.

O empreendimento entrará em operação em 2021, mas ainda não teve financiamento nem compra de equipamentos equacionados. "Temos falado com clientes para a venda da energia", disse Araripe. O complexo eólico é grande para apenas um consumidor, mas está dividido em várias sociedades de propósito específico (SPEs). Assim, será possível fechar contratos com clientes diferentes. "Todos terão o benefício da escala do projeto, mas serão contratos diferentes", disse o diretor de Novos Negócios.

A companhia não descarta participar dos próximos leilões de geração, mas seu foco estará no desenvolvimento dos dois empreendimentos. Segundo Araripe, enquanto a Vale tem a opção de adquirir 100% do projeto no Ceará, a ideia é permanecer operando o do Rio Grande do Norte e ter acionistas minoritários.

Fonte: Valor Econômico