Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
A concentração de minerais críticos em poucos países traz perspectiva de riscos para a cadeia de fornecimento do setor de energia, alerta relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). O estudo analisou o cenário de oferta, demanda e investimento em matérias-primas associadas à transição energética e outros segmentos relacionados.
Conforme o levantamento, mais de 40% dos minerais estratégicos avaliados tem um único produtor que responde por mais da metade da produção global. Além disso, nos últimos anos, os mercados se tornaram mais concentrados, especialmente nos estágios de refino e processamento.
IEA
Para cobre, lítio, níquel, cobalto, grafite e terras-raras, a participação média dos três maiores produtores subiu de 82% para 86% entre 2020 e 2024, com quase todo o aumento de suprimento vindo de um único país: Indonésia, no caso do níquel, e China, em relação a quase todos os outros minerais.
Embora os projetos anunciados indiquem um esforço para aumentar a diversificação, a IEA aponta que o ritmo do progresso é lento. Baseado nas atuais políticas e tendências de investimento, o market share dos três principais mercados só deve cair marginalmente na próxima década, retornado aos níveis de concentração vistos em 2020.
A demanda por minerais críticos tem apresentado crescimento forte nos últimos anos. A procura por lítio avançou quase 30% em 2024, bem acima da média anual de 10% vista na década de 2010. Ao mesmo tempo, a oferta também foi incrementada, com liderança da China, Indonésia e partes da África, pressionando para baixo os preços, especialmente para metais de baterias.
Ainda assim, existem riscos à vista na relação de equilíbrio entre oferta e demanda na próxima década. O relatório aponta que o ritmo de investimentos em minerais críticos enfraqueceu, com os aportes avançando apenas 5% em 2024, após um crescimento de 14% em 2023. A atividade de exploração estagnou no ano passado, marcando uma pausa na trajetória de crescimento vista desde 2020.
Em particular, a análise destaca um risco importante para o mercado de cobre. Com a expectativa de uma aceleração na demanda com países buscando expandir as redes elétricas, o atual pipeline de projetos indicam um déficit de suprimento de 30% em 2035.
O aumento de medidas restritivas contra exportações também pode impactar a segurança de fornecimento. Dos 20 minerais estratégicos para o setor de energia cobertos pelo relatório, 55% estão sujeitos a alguma forma de controle de exportação. Algumas dessas medidas incluem não apenas matérias-primas, mas também tecnologias já processadas.
“Em um momento de tensões geopolíticas em alta, os minerais críticos emergem como uma importante preocupação relacionada a segurança energética e econômica. Essa análise demonstra o que está em jogo e o que precisa ser feito para aumentar a resiliência e diversidade da cadeia de fornecimento”, declarou o diretor executivo da IEA, Fatih Birol.
O Sindenergia é uma importante voz para as empresas do setor de energia em Mato Grosso, promovendo o diálogo entre as empresas, o governo e a sociedade, com o objetivo de contribuir para o crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental