Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
A Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) divulgou nesta terça-feira, 25 de novembro, os resultados de um estudo técnico que demonstra os benefícios da micro e minigeração distribuída (MMGD) para o sistema elétrico brasileiro. Os números apresentados mostram que cada R$ 1,00 investido em MMGD adiciona R$ 1,60 ao PIB brasileiro, demonstrando um multiplicador econômico.
Já a fonte solar fotovoltaica desponta como a principal geradora de empregos no setor, enquanto a redução das emissões de CO? revela alto valor ambiental quando se considera o Custo Social do Carbono, estimado entre US$ 100 e US$ 600 por tonelada evitada.
O estudo foi apresentado durante evento realizado em parceria com o Instituto de Energia e Sustentabilidade da Universidade de São Paulo (IEE-USP). Segundo o presidente da ABGD, Carlos Evangelista, o estudo representa um avanço histórico ao oferecer base técnica sólida para que o país adote um modelo tarifário moderno, transparente e alinhado à transição energética. “A geração distribuída precisa ser valorizada por tudo o que entrega ao sistema, desde a redução de perdas e a postergação de investimentos em redes até os benefícios econômicos, ambientais e sociais”, disse.
O estudo também reúne um benchmarking internacional com países como Austrália, Estados Unidos, China e nações europeias, além de análises detalhadas das redes elétricas típicas brasileiras e do impacto socioeconômico nacional.
O levantamento confirma múltiplos benefícios técnicos da MMGD, incluindo redução de perdas nas redes, diminuição de emissões de CO?, postergação de investimentos em infraestrutura, aumento da resiliência elétrica e geração de valor socioeconômico. O estudo também aponta que esses ganhos podem ser significativamente ampliados com a integração de sistemas de armazenamento.
Em redes de média tensão, a geração distribuída demonstra capacidade de reduzir perdas técnicas em até 3,7%, melhorar a qualidade da tensão, diminuir subtensões em até 15,6% e aliviar a sobrecarga de transformadores em até 10,4%. Os benefícios predominam até cerca de 70% de penetração, com eventuais efeitos adversos surgindo apenas acima desse patamar, sendo mitigáveis com reforços pontuais ou adoção de sistemas de armazenamento.
Outro aspecto importante do estudo é a demonstração de que a MMGD desloca diretamente a geração de usinas térmicas fósseis, evitando a emissão de 60 milhões de toneladas de CO?e (gases de efeito estufa) de forma acumulada até 2038.
Em redes de alta tensão e na rede básica, os resultados indicam melhoria dos índices de severidade de tensão, redução da energia não suprida e diminuição de perdas na região analisada, sem qualquer impacto sistêmico negativo. A inserção de baterias mostrou-se particularmente efetiva para ampliar a capacidade de hospedagem da geração distribuída e fortalecer a resiliência do sistema.
O estudo da ABGD indica que a integração de baterias e carregadores de veículos elétricos representa o caminho natural para a modernização das redes e para a flexibilização do sistema elétrico brasileiro. Esta visão prospectiva alinha o país com as tendências globais de digitalização e inteligência nas redes elétricas.
No campo regulatório, a ABGD propõe que a Aneel adote critérios de valoração locacional e temporal inspirados em modelos aplicados na Austrália, remunerando a energia exportada conforme as condições de operação da rede. O relatório recomenda ainda o reconhecimento dos serviços ancilares prestados pela MMGD, como regulação de tensão, resposta rápida a contingências e controle de frequência, já incorporados em mercados maduros por meio de agregadores de carga e geração.
Para a diretora regulatória da ABGD, Raquel Rocha, o início dos debates sobre os benefícios da implementação da MMGD representa um marco fundamental para a consolidação de uma política energética mais moderna, eficiente e sustentável. “Discutir a MMGD no contexto da digitalização das redes e da gestão inteligente dos fluxos de energia permite evidenciar ganhos sistêmicos, como redução de perdas, alívio das redes, postergação de investimentos e maior segurança operacional”, ressaltou.
Segundo ela, essa discussão amplia simultaneamente o entendimento sobre os efeitos positivos da geração distribuída na competitividade industrial, na geração de empregos qualificados e no estímulo à cadeia produtiva nacional, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.
O Sindenergia é uma importante voz para as empresas do setor de energia em Mato Grosso, promovendo o diálogo entre as empresas, o governo e a sociedade, com o objetivo de contribuir para o crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental