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Indústria de transformação ainda está longe de sair da crise, aponta FGV

Indústria de transformação ainda está longe de sair da crise, aponta F

Em: 01/04/2015 às 15:55h por

Com a atividade econômica caminhando a passos lentos, ganham força as perspectivas de que o primeiro trimestre do ano tenha fechado com retração, puxada por mais um declínio da indústria de transformação — com peso de 10,9% sobre o Produto Interno Bruto (PIB) — e seus impactos sobre o comércio e os serviços. Somado ao cenário adverso, as sondagens de expectativa dos empresários da indústria não apontam para uma reversão da crise no futuro imediato. Segundo analistas, a indústria de transformação deve seguir ainda por uma trajetória de desaceleração neste ano, que nem o câmbio, na casa dos R$ 3,20, será capaz de frear.
“Enquanto a estimativa do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) para o PIB de 2015 está em -1%, a indústria geral deve retrair 2,9% e a de transformação 4%, mesmo com as perspectivas positivas dos efeitos da desvalorização cambial sobre as exportações”, afirma o economista e consultor da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), Silvio Sales.
“Se a economia mundial não retomar a atividade, não haverá espaço para uma forcinha do dólar na indústria brasileira. Além disso, quando se soma custos com energia, cargas tributária e trabalhista excessivas, e a falta de infraestrutura do país, a desvalorização do câmbio não compensa no cálculo final”, diz Guilherme Leão, economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), para quem o dólar a R$ 3,20 deve gerar um alívio “momentâneo” ao setor industrial.
A desvalorização cambial também não tem provocado mudanças relevantes no humor dos empresários. O índice de confiança de março da FGV, divulgado ontem, apontou queda de 9,2% entre fevereiro e março. O indicador, que estava em 85,8 pontos em janeiro, passou para 83 pontos em fevereiro e, agora, está em 75,4 pontos — o menor patamar desde janeiro de 2009, quando atingira 74,1 pontos. Bens de capital e duráveis continuam sendo as categorias com menor nível de confiança.
Mais sensíveis ao humor de empresários e também dos consumidores, os segmentos ligados a essas categorias apresentam os piores níveis de produção e emprego. Nos últimos 12 meses até janeiro, a produção da indústria de transformação caiu 4,7% e o total de pessoal ocupado retraiu 3,4%. A indústria automobilística, que aparece na pior posição do ranking de atividades, teve queda de 17,2% na produção e demitiu mais de 44 mil pessoas de março a fevereiro de 2014, segundo dados do Cadastro Geral de Empregadas e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
Para retirar a indústria do poço, os economistas apontam para a retomada de programas de concessão e parcerias público-privadas na área de infraestrutura pelo governo, já a partir do segundo semestre. “Mas, sob novos moldes, que garantam maior segurança jurídica aos investidores”, observa Guilherme Leão.
“Se a demanda por infraestrutura deslanchasse no país, poderíamos assistir a uma recuperação, com fortes efeitos para 2016” avalia Silvio Sales. (Brasil Econômico)