O ritmo de crescimento da economia brasileira pode aumentar 0,5 ponto percentual ao ano, durante toda a próxima década, caso haja "condições competitivas" na oferta de energia elétrica e gás natural à indústria.

A conclusão é de um estudo inédito encomendado pela Abrace, associação que reúne os grandes consumidores industriais de energia, à consultoria Ex Ante. Foram analisados três cenários de preços dos insumos entre 2015 e 2025. Na hipótese otimista, o PIB estaria R$ 404 bilhões maior ao fim do período.

O cenário "competitivo", que permitiria ganhos à economia, tem como premissa uma equalização dos custos energéticos das empresas brasileiras com a indústria internacional. Na hipótese de continuidade, prevê-se a manutenção dos atuais patamares tarifários. Na perspectiva pessimista, há uma deterioração dos custos e aumento dos preços do gás. A Petrobras anunciou neste ano a suspensão do desconto que praticava nos preços do insumo.

O presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, afirma que os grandes consumidores têm sofrido com um "falso dilema" na abordagem sobre os custos da energia. Segundo ele, a energia cara para a indústria nacional explica uma parte importante da deterioração na competitividade da economia brasileira, mas o assunto é visto frequentemente como uma briga entre "tubarões" e "pequenos consumidores". "Tentamos quebrar a lógica do confronto com estudos técnicos", ressalta.

Uma evidência de que os interesses não são conflitos, conforme o estudo da Abrace, é a estimativa de que 5,5 milhões de postos de trabalho poderão ser criados nos próximos dez anos em caso de ganho de 0,5 ponto no PIB. (Valor Econômico)