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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Redução no consumo afeta distribuidoras e derruba resultados

Redução no consumo afeta distribuidoras e derruba resultados

Em: 19/11/2015 às 14:22h por

As distribuidoras de energia tiveram os resultados do terceiro trimestre derrubados pela queda no consumo, combinada à alta na inadimplência, apesar dos reajustes tarifários implementados ao longo do ano. Levantamento feito pelo Valor mostra que os segmentos de distribuição das dez maiores empresas do setor elétrico tiveram prejuízo de R$ 1,7 bilhão no trimestre, contra um lucro de R$ 153 milhões apurado no mesmo intervalo do ano passado.
Excluindo-se o prejuízo de R$ 1,8 bilhão apurado só pelas distribuidoras da Eletrobras, porém, o resultado é um lucro de R$ 92,9 milhões. Ainda assim, há queda de 87% na comparação anual.
Com ou sem a Eletrobras, a retração no consumo de energia dessas empresas foi de 3%. Enquanto isso, a receita cresceu consideravelmente, refletindo os reajustes tarifários.
O resultado da distribuição ilustra um problema de desequilíbrio no setor. Até o ano passado, essas companhias sofreram com o problema da descontratação involuntária. Muitas geradoras não aderiram aos termos da renovação antecipada das concessões impostos pela Medida Provisória (MP) 579 em 2012, vendendo, desde então, essa energia no mercado de curto prazo.
Com a crise hídrica e o consequente aumento do despacho das termelétricas, os preços da energia no mercado de curto prazo dispararam, onerando as distribuidoras. Foi apenas neste ano que elas transferiram esses custos aos consumidores, por meio dos reajustes tarifários ordinários e extraordinários, além da cobrança das bandeiras tarifárias.
Apesar da alta das receitas, os reajustes tarifários, combinados à crise econômica, tiveram como resultado a queda do consumo e o aumento da inadimplência, além das perdas com furtos de energia.
A Light, por exemplo, fechou setembro com índice de perdas "não-técnicas" (furtos e fraudes de energia) de 39,8% sobre a energia faturada no mercado de baixa tensão, com aumento de 0,17 ponto percentual em relação ao observado nos últimos 12 meses encerrados em junho deste ano.
Com relação à taxa de arrecadação, a companhia alcançou 98,1% no terceiro trimestre, 3,9 pontos percentuais abaixo em relação a igual período do ano passado. Já a constituição de Provisões para Crédito de Liquidação Duvidosa (PCLD), na mesma comparação, saltou de R$ 29,8 milhões para R$ 45,7 milhões.
A EDP Energias do Brasil também notou um aumento na inadimplência e nas provisões para devedores duvidosos, refletindo o aumento tarifário.
A queda no consumo também corroeu os resultados do terceiro trimestre, e pode ter um efeito ainda mais forte no ano. A Eletropaulo, por exemplo, prevê queda de 4,5% no consumo de energia em sua área de concessão. O nível de contratação da companhia deve ficar em 108% no ano, refletindo essa redução de consumo. A alternativa está sendo liquidar a energia extra no mercado de curto prazo.
Considerando os resultados consolidados das mesmas dez empresas, o cenário ainda é ruim, embora menos preocupante.
As companhias tiveram, juntas, prejuízo de R$ 3,6 bilhões no trimestre, o dobro do R$ 1,7 bilhão apurado no mesmo intervalo de 2014. O prejuízo de R$ 4,2 bilhões registrado pela Eletrobras é o maior responsável pelo número negativo.
Ao se excluir o número da estatal, as nove companhias tiveram lucro de R$ 594 milhões, queda de 37% na comparação anual. A receita, na mesma base de comparação, subiu 16%, para R$ 17,6 bilhões. Esses dados consideram as atividades de geração, transmissão e comercialização dessas empresas.
As perdas com o déficit de geração hídrica (GSF, na sigla em inglês) continuaram grandes no trimestre, mas foram menores que as registradas em 2014. Isso aconteceu pois o preço de energia no mercado de curto prazo estava consideravelmente menor, ao mesmo tempo em que a exposição ao risco hidrológico foi inferior, devido ao desligamento de algumas termelétricas mais caras. (Valor)