Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Metas animam fabricante de gerador eólico

Metas animam fabricante de gerador eólico

Em: 27/11/2015 às 13:20h por

As metas brasileiras de aumentar a participação de energias renováveis na matriz energética dos atuais 14% para 23%, contida na INDC, está animando o grupo dinamarquês Vestas, um dos maiores fabricantes de geradores para energia eólica do mundo, com 70 GW de potência instalada em 74 países. Em dezembro, a empresa inaugura uma fábrica de aerogeradores em Aquiraz (CE), um investimento de R$ 100 milhões e contempla ainda uma joint-venture com outra companhia do segmento, a Aeris, que fabricará as pás. O presidente da empresa no Brasil, Rogerio Zampronha, deu a seguinte entrevista ao Valor.
Valor:O Brasil está levando para Paris o compromisso, entre outros, de aumentar a participação das energias renováveis na matriz para até 23% até 2030. Essa meta deve impulsionar investimentos no campo da energia eólica?
Rogerio Zampronha: O compromisso de ter 23% de energia renovável na matriz energética até 2030 é factível. O Brasil, além de ter uma das melhores insolações do mundo - dizem que a pior insolação do Brasil é igual à melhor insolação da Europa - também tem o melhor vento do mundo. É um vento constante e previsível, sem grandes rajadas, o que dá uma capacidade de geração de energia absolutamente diferenciada. As energias renováveis, em particular a eólica, assumem hoje importância histórica, tanto no quesito de emissões de gases de efeito estufa, quanto pela não necessidade de uso de água na geração de energia.
Valor:Muitos vêm questionando se essa meta de 23% é, de fato, ambiciosa. Qual sua opinião?
Zampronha: Podemos discutir se as metas do INDC são suficientemente ambiciosas ou não. Mas elas já representam um desafio enorme para o país. Para que essa meta seja atingida temos que carregar uma indústria toda, que possa investir e desenvolver tais projetos. No caso da energia eólica, a cadeia de suprimentos é bastante sólida no Brasil, se desenvolveu bem nos últimos anos.
Valor:O que falta para que as energias renováveis avancem mais? 
Zampronha: Hoje a eólica tem 7 mil megawatts (MW) em operação, podemos chegar a 16 mil ou 17 mil MW no curto prazo. Para cumprir as metas contidas na INDC, temos que alcançar mais do que isso, mas será preciso resolver obstáculos. Entre eles, a redução da capacidade de investimento do governo, o que se reflete em condições diferentes de financiamento de projetos e a quase total dependência das fontes do BNDES. Sabemos que o momento não é propício para desoneração e mais subsídios. O impedimento de empresas estrangeiras de arrendarem terras no Brasil também prejudica o setor de renováveis, além dos prazos longos de licenciamento ambiental, mas aqui vai o reconhecimento de que já houve uma melhora substancial nesse quesito. (Valor)