Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Abengoa pode ter de vender ativos no Brasil

Abengoa pode ter de vender ativos no Brasil

Em: 27/11/2015 às 13:22h por

A crise na espanhola Abengoa, que se aproxima cada vez mais da necessidade de pedir uma recuperação judicial, pode obrigar a empresa a vender seus ativos de transmissão no Brasil, mas não deve interferir na operação das linhas, acreditam especialistas.
Caso o problema se aprofunde, a companhia pode até mesmo ter que se desfazer do direito de concessão da rede que faz o escoamento de geração de energia da usina de Belo Monte (PA), afirma a diretora executiva da Thymos Energia, Thais Prandini. De acordo com a especialista, os grupos chineses do setor, sobretudo a estatal State Grid, seriam os principais atraídos pela compra das linhas, uma vez que possuem interesse por grandes projetos no País e que já adquiriram o segundo bipolo de transmissão da hidrelétrica paraense.
A venda dos ativos, segundo ela, pode atrasar ou mesmo acelerar as obras dos projetos que ainda não foram concluídos, tudo vai depender de quem forem os compradores. No caso dos chineses, por exemplo, a perspectiva é que a construção ocorra mais rapidamente, dada a experiência deles nesse tipo de empreendimento, acredita Thais.
Com uma dívida bruta declarada em quase 9 bilhões de euros e um passivo global sensivelmente superior, a Abengoa possui, no Brasil, contratos para a construção e a operação de 3.320 quilômetros em linhas de transmissão.
Durante muito tempo, a estrangeira foi uma das maiores compradoras de empreendimentos de transmissão do País e levou 14 projetos entre 2007 e 2014. No último ano, porém, a empresa só fez uma oferta, para a segunda linha de Belo Monte, que acabou sendo arrematada pela State Grid.
Recuperação judicial
A Abengoa informou à comissão de valores mobiliários da Espanha, na quarta-feira (25), que entrará "em breve" com um pedido para a extensão do prazo obrigatório de declaração de falência. Na prática, a empresa vai reconhecer a incapacidade de sanar suas dívidas e deverá entregar provas de que tem negociado uma saída com os credores. Se não conseguir alcançar um acordo nos próximos quatro meses, o grupo espanhol de quase 75 anos poderá entrar no maior processo de falência da história daquele país.
Até esta semana, a Abengoa esperava contar com um aporte de 350 milhões de euros da também espanhola Gonvarri, mas o parceiro acabou desistindo do investimento devido à negativa de bancos de injetar dinheiro no grupo. Em troca dos recursos, a empresa do setor elétrico cederia 28% de suas ações para a investidora, mas com a queda mais recente de seus papéis na bolsa, a companhia elétrica já vale menos hoje do que os valores que seriam aportados.
As ações da Abengoa caíram mais de 40% ontem na Bolsa de Madrid, após uma queda de 54% registrada na véspera. Dessa forma, o valor de mercado calculado para a empresa atualmente não passa dos 300 milhões de euros. A situação do grupo também levou políticos e sindicalistas na Espanha a expressarem publicamente sua preocupação, já que a Abengoa emprega quase 24 mil trabalhadores no mundo. (DCI)