Apesar da desaceleração do consumo de energia elétrica no Brasil nos últimos anos, o desperdício não para de crescer. A principal razão é a ineficiência das máquinas usadas pela indústria, setor que ainda não mostra a devida preocupação com o tema.

Segundo os dados da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), o País joga fora cerca de 53 terawatts-hora (TWh) de energia por ano, volume 5,29% maior do que o registrado em 2009. O valor representa uma perda de R$ 12 bilhões para os consumidores, ou mais de 60% de tudo o que é gerado pela usina de Itaipu (PR).

As duas maiores causas do desperdício são a falta de um programa de gestão energética dentro das empresas e o uso de equipamentos defasados na indústria, afirma o presidente da Abesco, Rodrigo Aguiar. Na avaliação dele, a falta de projetos para estimular a troca dos equipamentos fabris e a inexistência de linhas de financiamento específicas para incentivar a renovação do parque industrial levaram a um círculo vicioso de ineficiências, no qual a cada ano que passa o Brasil usa mais energia para produzir menos.

Por outro lado, existe também um "ceticismo" por parte dos gerentes e diretores de indústrias nacionais, que ainda não acreditam no potencial de redução de custos possibilitado por um processo energético mais eficiente. "Apesar de todos concordarem com a necessidade de uma gestão elétrica, na prática essas substituições não acontecem", lamenta ele.

O especialista diz que nem mesmo o encarecimento das tarifas levou a um aumento expressivo da procura por iniciativas eficientes. A dificuldade de arrecadação das empresas por causa da crise dificulta os investimentos, admite Aguiar. No entanto, ele lembra que já existem soluções para que o industrial pague a renovação do maquinário com o que economizar na operação.

Segundo o executivo, uma redução dos níveis de desperdício poderiam até diminuir as pressões sobre as contas de luz de todos os consumidores. No mínimo, diz ele, seria possível alterar a cor da bandeira tarifária para desonerar a tarifa. (DCI)