Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Setor esbarra em problemas de transmissão e de crédito

Setor esbarra em problemas de transmissão e de crédito

Em: 01/12/2015 às 12:28h por

Para crescer nos próximos anos, o mercado brasileiro de geração de energia por fontes renováveis vai esbarrar em problemas como o de escoamento da produção e a falta de crédito. Diante das pressões, agentes acreditam que haverá mais consolidação no setor.
"Essa indústria ainda é muito fragmentada, são mais de 120 empresas que atuam no segmento renovável, mas dada a situação atual muitos empreendedores ficaram sem capacidade de financiamento", diz o presidente da CPFL Renováveis, André Dorf. "Faltam instrumentos que tragam atratividade para os investimentos de longo prazo no setor elétrico e o crédito que temos hoje está muito caro."
Dorf acredita que o cenário deve levar a um avanço das operações de fusão e aquisição no mercado, com a redução do número de companhias atuantes. Segundo ele, apesar de ficar fora dos últimos leilões de geração devido ao ambiente econômico desfavorável, a CPFL está interessada em boas oportunidades, tanto de novos projetos como para adquirir outros grupos menores.
Do lado da transmissão, serão necessários cerca de R$ 20 bilhões para atender aos projetos considerados estruturais nos últimos anos, calcula o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales. Ele lembra que 15 lotes oferecidos nos leilões de linhas transmissoras promovidas neste ano não receberam nenhuma proposta, o que mostra que os ativos não têm sido considerados atrativos pelos empreendedores.
De acordo com o especialista, entre as principais causas para os certames vazios estão o cenário de crédito mais restrito, a taxa de remuneração insuficiente e as incertezas regulatórias trazidas pelas dificuldades de licenciamento. O grande desafio do setor, na opinião de Sales, passa pela recuperação da confiança.
"Temos o governo, de um lado e os órgãos reguladores do outro. No meio, estão os licenciadores ambientais e patrimoniais. Esse conjunto de instituições, da forma como estão colocadas, tem uma ação resultante que dilui cada vez mais a credibilidade da indústria", critica ele. "Temos que reconhecer que o sistema não está mais funcionando e que corremos o risco de capengar no futuro."
Nos cálculos da CPFL, 78% das obras de transmissão e conexões estão atrasadas, o que já prejudica o desenvolvimento de projetos eólicos e solares fotovoltaicos no Nordeste. Segundo Dorf, a questão vai se tornar um componente cada vez mais importante no cálculo para a decisão de investir ou não em empreendimentos de geração de energia.
Para a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, a atração de capital estrangeiro para o setor elétrico pode ser uma saída para os problemas de financiamento. Mesmo diante das incertezas políticas e econômicas do País, ela garante que vem sendo procurada por uma série de investidores internacionais, que consideram que os ativos no País estão mais baratos.
"Temos fundos externos interessados em fazer parcerias com a carteira de projetos já existentes, que ainda não foram executados porque o alcance do capital está restrito", indicou a executiva. No entanto, serão necessários mecanismos para que esses investimentos se tornem recursos que de fato, adverte ela.
COP 21
O vice-presidente de relações institucionais da CPFL, Luiz Eduardo Osório, lembra que a Conferência do Clima (COP21), que ocorre em Paris, deve definir metas que podem ajudar o segmento de energias renováveis, mas alerta que será necessária uma política pública clara para garantir a segurança jurídica dos projetos.
A discussão sobre os preços da emissão de carbono também incentiva os países a reduzirem suas emissões, sobretudo no setor elétrico, com a redução da queima de combustíveis fósseis. Em 2014, as emissões de CO2 pelo segmento de energia elétrica subiram 23% com o acionamento das termelétricas para compensar a falta de água para geração. (DCI)