Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Para presidente da EPE, a interrupção na construção de linhas é "muito ruim"

Para presidente da EPE, a interrupção na construção de linhas é "muito

Em: 03/12/2015 às 14:14h por

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, considera "muito ruim" e vê ''com muita preocupação'' a interrupção de obras importantes de linhas de transmissão da Abengoa, por causa da proteção judicial da empresa na Europa.
Ele considerou ser urgente uma solução para atrair mais empresas para os leilões das linhas de transmissão, "porque as linhas vão fazer falta". Para ele, é preciso mecanismo "para evitar lotes vazios nos leilões e que os lotes contratados não atrasem".
No último leilão de linhas de transmissão foram negociados apenas 4 dos 12 lotes, apesar de os prazos de construção terem sido aumentados. "Alguns investidores reclamam da demora de licença. A construção atrasa, eles são multados e acabam tendo prejuízos", disse Tolmasquim.
Apesar disso, há perspectiva de muitas novas linhas entrando em funcionamento em 2016, segundo ele. Uma delas, o sistema de escoamento da hidrelétrica de Teles Pires, começou a operar recentemente. Com isso, a primeira máquina da usina já iniciou geração de energia, disse Tolmasquim ao Valor, em Paris, após ter apresentado planos de redução de emissões no setor de energia no Brasil.
O presidente da EPE condicionou o numero de térmicas ligadas no próximo ano ao que vai ocorrer no periodo chuvoso. Se chover bem no Sudeste, pode-se desligar algumas térmicas. Quanto ao Nordeste, acredita ser pouco provável um problema de abastecimento, mesmo com a região "enfrentando a maior seca da história".
Indagado sobre a volta da bandeira verde ou amarela (o custo fica mais barato para o consumidor), ele também considera cedo falar, porque depende das chuvas. Segundo ele, há "muitas dezenas" de térmicas em operação hoje.
A EPE prevê realizar de três a quatro leilões de energia em 2016. Um para contratar energia para 2021, outro para 2019, o terceiro, de reserva, voltado para solar e eólica. Tolmasquim procurou assegurar para as indústrias que vai ter mercado para eólicas e solares, com pelo menos um leilão por ano para contratar essas energias, "mas pode haver mais [leilões]".
Se for obtida a licença para a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, haverá o leilão especifico para essa usina. Se não houver a licitação no próximo ano, o presidente da EPE disse que a empresa terá de, "sem dúvida alguma", contratar mais energia eólica, solar e biomassa, e tambem das usinas térmicas.
Tolmasquim disse desconhecer - e julgou estranho - um "rumor" de que o governo estaria preparando uma medida provisória para autorizar hidrelétrica em terra indígena justamente para construir a usina de Tapajós [ver nesta página reportagem sobre a minuta da MP]. "Hoje não tem impedimento legal, o que tem é discussão com a Funai sobre se seriam ou não terras indígenas, porque hoje, formalmente, não são", afirmou.
Sobre o impasse na construção da usina nuclear de Angra 3, o presidente da EPE disse que já está contratando nos leilões energia suficiente levando em conta esse atraso.
Apesar da nova queda forte do PIB, e da piora das previsões para 2016, a avaliação da EPE para o consumo de energia em 2016 continua inalterado "pelo momento" - "estável", ante queda de 1% este ano.  (Valor Econômico)