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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Sistema de transmissão é o maior desafio para os investidores nos parques eólicos

Sistema de transmissão é o maior desafio para os investidores nos parq

Em: 03/12/2015 às 14:15h por

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Um dos problemas mais antigos do mercado eólico brasileiro, o descasamento entre os cronogramas de construção de parques e das respectivas linhas que fariam o escoamento da energia, foi resolvido, mas o setor de transmissão não deixou de ser uma das principais preocupações do investidores eólicos. Com a mudança nas regras do setor elétrico, a falta de novas linhas impede que os parques vendam energia nos leilões.
Com relação às obras de transmissão, a Chesf colocou em operação no mês passado um importante sistema que fará o escoamento da energia de 12 parques na Bahia para o Sistema Interligado Nacional (SIN). O empreendimento, de R$ 180 milhões, praticamente encerra o problema de descasamento de cronogramas entre os projetos. Na prática, os parques eólicos ficavam prontos, produzindo energia, mas não podiam fornecer ao sistema, pois as linhas de transmissão não tinham saído do papel.
Outros dois importantes projetos de escoamento da energia de parques eólicos no Nordeste estão previstos para serem concluídos ainda este ano, de acordo com relatório de acompanhamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para os próximos anos, no entanto, de oito empreendimentos do tipo, cinco sinalizam atrasos, segundo os técnicos do órgão regulador.
O que mais preocupa, de fato, os investidores são as mudanças nas regras do setor e a conjuntura do mercado de transmissão, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Em 2013, o risco da transmissão foi passado para os empreendedores eólicos. Na prática, se um parque entrar em operação antes da linha, ele não receberá a receita enquanto a energia não for entregue ao sistema.
Outro ponto alterado determina que apenas eólicas com garantia de ponto de conexão ao sistema podem participar dos leilões de energia. A medida limita o universo de concorrentes e, consequentemente, eleva o preço da energia dos parques.
Como se não bastasse depender da realização de leilões de transmissão, as eólicas também são afetadas pelo insucesso das últimas licitações de transmissão. No último leilão do tipo, em novembro, apenas 4 dos 12 lotes ofertados foram arrematados pelos participantes. "É um problema específico da transmissão que rebate nas eólicas", diz Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica.
Também desperta preocupação dos investidores eólicos a situação financeira da espanhola Abengoa, que entrou com pedido de proteção judicial contra credores na Europa e possui pesados investimentos em linhas de transmissão no Brasil. Sem a companhia e o grupo Eletrobras, que tem evitado leilões para reduzir investimentos e reorganizar o caixa, a quantidade de participantes nas próximas licitações tende a diminuir.
"Agora dependemos muito dos leilões de transmissão para garantir os projetos", diz Elbia. "Vamos virar o ano com esse problema e esse desafio." Segundo ela, o governo sabe da gravidade da situação e tem buscado soluções para o problema.
Para o próximo leilão de energia, marcado para fevereiro, estão inscritos 864 parques eólicos. Eles ainda precisarão passar por habilitação e análise de documentos. (Valor)