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Renova vai adiar planos de expansão

Renova vai adiar planos de expansão

Em: 08/12/2015 às 14:24h por

Depois que a americana SunEdison desistiu de uma operação bilionária para comprar a carteira de projetos da Renova Energia, a companhia brasileira vai passar por uma mudança de estratégia para "redimensionar" suas operações. O Valor apurou que, com a saída da SunEdison de cena, a Renova vai se readequar ao cenário do mercado e buscar projetos que fiquem de acordo com sua capacidade de captação e de injeção de recursos. Com isso, a expansão da capacidade instalada prevista antes vai ficar para o futuro, sem definição de prazos.
O redimensionamento das operações será feito, principalmente, com a postergação de projetos e cancelamento de alguns contratos. Uma fonte próxima da situação disse que a companhia está conseguindo isso ao alterar seus contratos no mercado livre. Atualmente, os preços no mercado livre estão muito menores do que no passado, refletindo a melhora da situação hídrica e a redução do consumo.
Aproveitando o cenário de preços, a Renova está conseguindo vender alguns de seus contratos no mercado livre que têm preços mais atrativos que os negociados hoje. Outra opção é manter os contratos e cumpri-los com energia comprada no mercado de curto prazo.
"O que tem que ser ajustado é o ritmo de crescimento. Ele virá, mas o ritmo precisa ser reajustado a realidade do mercado", disse uma fonte próxima da situação.
De acordo com dados das demonstrações financeiras do terceiro trimestre, a Renova tinha 2.661,5 megawatts (MW) de capacidade instalada em projetos, alguns já em operação. Desse total, 1.421,6 MW em contratos no mercado regulado e 1.239,9 MW em contratos com o mercado livre.
A companhia tinha acertado a venda de uma carteira de 2.204,2 MW em capacidade instalada para a SunEdison. Os ativos eram avaliados em R$ 13,4 bilhões, que seriam pagos em ações da TerraForm Global, veículo liderado pela empresa americana que fez sua estreia no mercado em agosto.
Sem a "obrigação" de entregar os projetos à TerraForm Global, a Renova está olhando seu plano de negócios e avaliando quais podem ser postergados e não precisam mais ser entregues no médio prazo, afirmou uma fonte da companhia. Dessa forma, vai reduzir a pressão de caixa no médio prazo.
O objetivo da Renova, na época em que fechou os acordos, era obter capital a custo mais baixo para erguer novos empreendimentos. Com a sociedade, a empresa teria acesso direto ao mercado americano e ficaria menos dependente do BNDES. Depois que esses acordos foram abandonados, o banco está sendo um importante parceiro para a companhia, ajudando na renegociação de prazos e na reorganização das operações.
Outra fonte de recursos que vai ajudar a companhia no curto prazo vem de alguns ativos que foram efetivamente vendidos para a TerraForm Global. Em 19 de setembro, foi concluída a venda de cinco parques eólicos com 99,2 megawatts (MW) à empresa, por R$ 451 milhões em dinheiro. Também foram vendidas três pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com 41,8 MW.
Além disso, concluíram a troca de nove parques eólicos, com 195,2 MW de capacidade instalada, por 20,327 milhões de ações da TerraForm. Esses ativos eram avaliados em R$ 1,026 bilhão.
Os principais sócios da Renova são a Cemig (27,35%), RR Participações (16,16%), Light (15,86%), Infrabrasil Fundo de Investimento (10,97%) e BNDESPar (8,76%).
Se os acordos com a SunEdison tivessem se concretizado, a companhia ficaria com a participação da Light, por US$ 250 milhões. A companhia do Rio de Janeiro continua buscando um comprador para sua fatia. A Renova, por sua vez, não pensa em conseguir um novo comprador, pelo menos agora. O foco da empresa é na construção e gestão de seus ativos no longo prazo, montando um portfólio de projetos e garantindo a geração de caixa deles.
Dias antes da SunEdison informar o fim dos contratos, a Renova passou por mudanças na direção. O atual presidente, Mathias Becker, entregou a renúncia em 23 de novembro e ficará até o fim do ano. Em seu lugar tomará posse Carlos Waak, que é diretor de implantação da companhia há cinco meses.
Também deixou o cargo na companhia Pedro Villas Boas Pileggi, que era diretor vice-presidente de finanças. O conselho de administração elegeu para o cargo Cristiano Corrêa de Barros. (Valor)