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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Após um ano decepcionante, eólicas devem impulsionar expansão em 2016

Após um ano decepcionante, eólicas devem impulsionar expansão em 2016

Em: 08/12/2015 às 14:25h por

O sistema elétrico brasileiro deve fechar 2015 com uma expansão da capacidade instalada menor do que era esperado no início do ano, mas o crescimento surpreendente da fonte eólica deve garantir um 2016 melhor do que o previsto.
Segundo boletim divulgado ontem pelo Ministério de Minas e Energia (MME), as usinas instaladas no Brasil no próximo ano deverão adicionar uma potência de 8,9 mil megawatts (MW) ao sistema, sendo que em janeiro o mesmo documento apontava para um aumento de 6,3 mil MW no período. A maior parte dessa expansão será puxada por projetos eólicos, que devem somar 2,9 mil MW em 2016. No início de 2015, o MME acreditava que seriam instalados somente 952 MW pela fonte no próximo ano, valor 67% menor do que o registrado na nova projeção.
Os dados mais recentes do estudo mostram que, no total, as usinas que usam o potencial do vento alcançaram a capacidade instalada de 6,7 mil MW em outubro. Na comparação com o mesmo período de 2014, a fonte apresentou crescimento de 58%. Até o final de 2015, a expectativa é que os parques eólicos somem mais de oito mil MW em potência, uma alta de 166% em relação à capacidade máxima registrada no fim do ano passado.
A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, avalia que a procura cada vez maior por investimentos na fonte em território brasileiro é uma consequência quase que natural das condições meteorológicas presentes no País. Ela explica que o Brasil tem a geração eólica mais competitiva do mundo, favorecida pela força moderada e pelo movimento constante do vento disponível, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.
"Estamos no auge da safra dos ventos, com o aproveitamento de até 70% ou 80% da capacidade instalada de algumas usinas", aponta a executiva. "O País tem uma necessidade de contratar energia e nossa oferta virá da fonte eólica."
Para este ano, o ministério calcula que serão adicionados cerca de oito mil MW em usinas geradoras de energia elétrica, volume 15% menor do que os 9,3 mil MW projetados em janeiro. A principal retração deve ser registrada no setor hidrelétrico, afetado pela escassez de água para a geração de eletricidade e pela postergação de projetos como o da usina de Belo Monte, no Pará. Por outro lado, a ativação de mais termelétricas para compensar a produção menor de energia hídrica vai limitar o movimento de queda.
No acumulado do ano até outubro, a capacidade instalada de geração no Brasil cresceu em 4,42 mil MW. As fontes eólicas, mais uma vez, foram as maiores propulsoras do crescimento, com a adição de 1,6 mil MW ao sistema. As usinas hidrelétricas, por sua vez, foram responsáveis pela instalação de 1,445 mil MW e as termelétricas por 1,290 mil MW.
Para o ano que vem, a previsão é que a fonte hídrica cresça em 5,7 mil MW a sua potência. Já as térmicas, com a melhoria esperada para os regimes de chuvas, devem ter um aumento de apenas 313,8 MW. Além disso, o MME acredita que devem entrar em operação as primeiras centrais solares fotovoltaicas, acrescentando ao total do País menos de 10 MW.
Só em 2017 é que a geração de energia por meio do sol ganha expressividade, aponta o ministério. Serão 1,7 mil MW instalados só pelas usinas solares, além de 2,7 mil MW em hidrelétricas, 4,8 mil MW em eólicas e 748 MW pelas térmicas. No total, o ano deve somar 9,9 mil MW ao sistema nacional.
Energia Cara
Em seminário da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Altino Ventura, afirmou que "a energia elétrica no Brasil é muito cara, principalmente, se comparada com o nível de renda da população". Ventura falou do aumento do custo do megawatt-hora (MWh) desde que as usinas térmicas passaram a ocupar o lugar da geração hídrica, causado pela seca que atingiu os reservatórios e pela resistência da sociedade à instalação de usinas hidrelétricas na Região Norte do País.
"O Brasil facilita a geração térmica e dificulta a hidrelétrica", afirmou Ventura, segundo o Estadão Conteúdo. Ele criticou, por exemplo, o prazo para a liberação do licenciamento ambiental da usina de Belo Monte, em construção no rio Xingu. "Se o licenciamento ambiental de Belo Monte tivesse saído como planejou o governo, a usina estaria produzindo desde 2013 e o preço da energia estaria mais baixo. O mesmo processo está acontecendo hoje com Tapajós."
Ventura também destacou que a infraestrutura do setor elétrico ainda está em construção, como a interligação das regiões, e que esses custos influenciam a tarifa de energia. "São investimentos significativos, mas importantes para garantir a segurança energética." (DCI)