Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Mercado livre cresce com preço baixo e ameaça distribuidoras

Mercado livre cresce com preço baixo e ameaça distribuidoras

Em: 22/02/2016 às 14:28h por

O mercado livre de eletricidade, em que consumidores negociam o suprimento diretamente com geradores, deve crescer quase 30% neste ano, segundo especialistas, o que já levanta preocupações sobre a possível fuga de clientes das empresas de distribuição.
Com a perspectiva de que as tarifas no mercado regulado aumentem nos próximos anos, comercializadoras de energia têm encontrado maior facilidade em convencer empresas a aderir ao suprimento no mercado livre, onde os preços caíram fortemente devido às boas chuvas e à redução da demanda puxada pela retração da economia.
"Esse mercado está realmente mais aquecido, e esse aquecimento não começou agora. Desde o último trimestre, temos observado uma migração que ficou mais forte em dezembro, janeiro", afirmou à Reuters o presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri.
A entidade tem 549 pedidos de adesão de consumidores ao mercado livre em andamento.
Só na comercializadora de energia Comerc, a carteira de clientes dobrou para 500 no ano passado, com forte expansão no segundo semestre, e deve ter crescimento semelhante em 2016. "Neste e no próximo ano, a perspectiva é de PIB para baixo, então não tem perspectiva de que o consumo de energia vá subir. Você criou uma sobra de energia e as tarifas cativas continuam caras. O movimento natural do consumidor é migrar para o mercado livre", disse o presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos.
Excesso
A consultoria especializada PSR alertou em relatório recente que em caso de "fuga maciça" de empresas para o mercado livre "o risco é a distribuidora ficar com um excesso de contratos de geração com relação à demanda e ser injustamente multada".
Atenta ao assunto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estuda uma proposta para permitir que as distribuidoras devolvam contratos de compra de energia existente para compensar a saída desses consumidores do mercado. No entanto, a PSR acredita que o mecanismo não seria suficiente para resolver o problema, uma vez que os contratos de compra de energia existente representam apenas uma pequena parte dos contratos.
Rui Altieri, da CCEE, disse que o tema está no radar do setor. "A Aneel está estudando, realmente é algo que merece atenção." (DCI)