Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Crise política preocupa indústria de hidrogeração

Crise política preocupa indústria de hidrogeração

Em: 28/03/2016 às 12:12h por

O agravamento da crise política no país, resultado dos desdobramentos da operação Lava Jato da Polícia Federal, aumentou a preocupação da indústria quanto ao futuro dos investimentos em hidroeletricidade no Brasil. Embora os investimentos em energia sejam apostas de longo prazo, os fabricantes têm notado nos últimos meses um represamento ainda maior no setor -- que por si só já enfrenta dificuldades históricas para viabilizar projetos por conta das exigências socioambientais. Além disso, a recessão econômica reduz o consumo nacional de energia elétrica, diminuindo a necessidade de contratação de novos projetos via leilões do governo. 
Para dificultar ainda mais esse cenário, as notícias sobre a quantidade de energia excedente no sistema não são animadoras. De acordo com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), só neste ano há uma sobra estrutural de 3 mil MW médios no mercado cativo. A consultoria Roland Berger, em reportagem publicada no jornal Valor Econômico em 15 de março, alertou que o excedente de energia no sistema pode perdurar até 2024, chegando ao seu auge em 2019, com sobras de até 16 mil MW médios. Neste cenário, o preço da energia no Ambiente de Contratação Livre despenca, desestimulando os investimentos em novas usinas para venda exclusiva nesse mercado.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no ano passado o consumo nacional de energia elétrica apresentou declínio de 2,1% sobre 2014; enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 3,8% (o maior em 25 anos, segundo o IBGE). Para este ano, o mercado financeiro estima contração entre 3,5% e 4% no PIB e de 1,7% em 2017. Se as previsões se confirmarem, será a primeira vez que o país registra três anos seguidos de recessão na economia. 
"O ano de 2015 foi com bastante atividade, mas estamos muito preocupados com o futuro, uma vez que em 2016 ainda não houve nenhum leilão de hidrelétricas e a gente vê poucas possibilidades com a instabilidade que estamos vivendo nesse momento", disse Sérgio Parada, presidente da Andritz Hydro.
Depois de dois adiamentos feitos pelo governo, o próximo leilão A-5, considerado o mais adequado às hidrelétricas, está marcado para 30 de abril. Foram cadastrados 47,6 GW em projetos, mas apenas 1,5 GW são de usinas hídricas. O mercado acredita que só Belo Monte conseguirá fechar contratos nesse leilão. Segundo dados da EPE, desde 2011 foram contratadas dez hidrelétricas, entre elas São Manoel e Sinop, bem como 42 pequenas centrais hidrelétricas. (Canal Energia)