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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Pela primeira vez, Brasil vai exportar urânio enriquecido

Pela primeira vez, Brasil vai exportar urânio enriquecido

Em: 21/06/2016 às 14:04h por

O Brasil vai fazer sua primeira exportação de urânio enriquecido, para reator nuclear, e o destino será a Argentina. Foi o que informou ontem o presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), João Carlos Tupinambá, durante evento na Sociedade Nuclear Americana (NSA), no Rio.

De acordo com o executivo, foi fechado acordo para a exportação de quatro toneladas de urânio enriquecido na forma de pó de UO2 (dióxido de urânio).
Do total, 1.430 quilos foram enriquecidos a 1,9%; 670 quilos, a 2,6%; e dois mil quilos, a 3,1%. Segundo Tupinambá, a INB já tinha em estoque cerca da metade do volume que será exportado, e o restante foi enriquecido na fábrica de Resende, no Sul Fluminense.

— Todo o processo foi genuinamente brasileiro — destacou o presidente do INB. ETAPAS REALIZADAS NO PAÍS O executivo informou que o contrato foi assinado há 15 dias com a Conuar — empresa estatal da Argentina que cuida da parte de combustíveis nucleares — e que agora está aguardando a autorização do Ministério das Relações Exteriores para sua efetivação. O produto será destinado a um reator de pequeno porte para testes, chamado Carem.

Tupinambá explicou, ainda, que as unidades de enriquecimento instaladas na INB (seis cascatas) permitem a produção de cerca de 40% das necessidades da usina nuclear de Angra 1. Se o projeto for concluído com a construção de mais três cascatas, o país passaria a ter condições de atender a toda a demanda por combustível enriquecido da usina e a cerca de 20% da necessidade de Angra 2.

Todas as etapas do enriquecimento de urânio já são realizadas no Brasil, com exceção da conversão no gás chamado de UF6. Apesar de o país já ter dominado essa tecnologia, o processo ainda não é feito aqui por questões de escala.

— Estamos buscando uma parceria mais efetiva com a Argentina. Estamos em negociações para a recarga desse reator do Carem e também verificando possibilidades para fornecimento para a usina nuclear de Atucha 1 — acrescentou o executivo.

Tupinambá explicou também que o objetivo, com essa exportação, é aumentar a atuação da INB no mercado e buscar o desenvolvimento da companhia.
Falta definir com o governo federal a continuidade da construção das quatro últimas cascatas do processo de enriquecimento, que exigirá investimentos adicionais da ordem de R$ 100 milhões.

O presidente da INB garantiu que a primeira exportação brasileira de urânio enriquecido não vai afetar o fornecimento de cargas para as usinas de Angra 1 e Angra 2. Ele esclareceu que os dois primeiros lotes a serem enviados são de material em estoque, que estava disponível, e que o terceiro lote já foi enriquecido.

— Em momento algum nossas ações colocam em risco o fornecimento nacional. Estamos otimizando nossas operações — destacou Tupinambá.

Como o carregamento vai ser feito por rodovia até Uruguaiana e precisa ser escoltado pela Polícia Rodoviária, a expectativa é conseguir enviar o produto até o fim deste mês. Caso não seja possível, segundo o presidente da INB, o carregamento só será feito após as Olimpíadas. 

SEGUNDA MINA 
Apesar dos recursos escassos, a INB continua executando o projeto da segunda mina de exploração de urânio em Caitité, na Bahia. O executivo disse que espera conseguir produzir cerca de 60 toneladas na nova mina ainda este ano.

A mina na Bahia deverá produzir 250 toneladas anuais de urânio. A INB está investindo R$ 32 milhões no projeto, mas ainda faltam R$ 150 milhões para concluí-lo, dos quais R$ 100 milhões viriam do governo federal. Para este ano, a INB deverá contar com orçamento total da ordem de R$ 800 milhões — ainda que o necessário fosse R$ 1 bilhão.

O executivo participou na manhã de ontem da abertura do simpósio anual da Seção Latino-Americana da Sociedade Nuclear Americana (LAS/ANS).

Fonte: O Globo