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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Queda no ritmo da contratação de energia nova preocupa fornecedores da cadeia de eólica

Queda no ritmo da contratação de energia nova preocupa fornecedores da

Em: 04/07/2016 às 14:05h por

“Temos condições de criar uma cadeia produtiva forte, mas é preciso que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Ministério das Minas e Energia olhem o setor eólico como um investimento estratégico, especialmente na região Nordeste, responsável por 90% da geração”, diz o diretor de energia eólica da Weg, João Paulo Gualberto da Silva. 

Na sua avaliação, o mercado brasileiro precisa contratar pelo menos 2 GW em 2016, ou haverá crise no setor. Se esse volume for próximo de zero, ele acredita que pode ocorrer um forte impacto entre as empresas, com fechamento de fábricas e demissões.

No final de 2014, a Weg forneceu os primeiros aerogeradores ao mercado. Desde então, a multinacional brasileira com sede em Jaraguá do Sul (SC) tem ampliado os investimentos nesta e em outras fontes de energia renovável, apesar dos efeitos da crise econômica na demanda energética. “Se não houver mais mercado para aerogeradores, nós temos como nos ajustar, mas seria uma pena o país retroceder nessa área”, afirma.

Um novo aerogerador de 3,3 Megawatts (MW), com desempenho 20% superior aos existentes no mercado, está sendo desenvolvido pela Weg junto com a Engie Tractebel Energia. A máquina será a primeira de fabricação nacional e deve ser lançada em 2018. O projeto conta com consultorias de cinco países e foi orçado inicialmente em R$ 48 milhões, mas esse valor subiu para R$ 92 milhões por causa da desvalorização cambial. Agora as empresas buscam mais um ou dois parceiros que tenham recursos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para viabilizá-lo.

A contratação de energia de reserva é fundamental para garantir a segurança do sistema elétrico, afirma o presidente da Vestas do Brasil, Rogério Zamprona. Para ele, a crise ainda não chegou à indústria eólica, mas “já mostrou os seus dentes” e deve ser enfrentada com visão de longo prazo: “O Brasil tem que estar preparado, pois a energia é um insumo que precisa estar disponível na retomada do crescimento”. O grupo dinamarquês Vestas Wind é líder mundial no segmento, com projetos em 75 países e 57 mil turbinas instaladas. Presente no Brasil há 15 anos, tem 550 MW de contratos assinados nos últimos 12 meses. Um grande cliente da empresa é a Honda, que em 2014 inaugurou seu primeiro parque eólico do mundo em Xangri-lá (RS).

Em janeiro, a Vestas inaugurou uma fábrica de turbinas em Arquiraz (CE). O investimento de 32 milhões de euros (R$ 128,2 milhões) gera 300 empregos diretos e visa atender a carteira de pedidos até o início de 2018 com turbinas “tropicalizadas” para as características dos ventos brasileiros. Outras 400 vagas foram criadas em Pecém (CE), na fábrica da parceira Aeris, sua fornecedora de pás. No horizonte de planejamento está a expansão das vendas para o Mercosul e outros países sul-americanos.

Qualificação profissional e inovação tecnológica são prioridades estratégicas da Vestas. Dezenas de empregados brasileiros de “chão de fábrica” têm a oportunidade de trabalhar em projetos na Dinamarca, Espanha, Estados Unidos e Austrália. Da mesma forma, os projetos no Brasil recebem mão de obra estrangeira. Há dois meses a empresa lançou o protótipo de uma turbina com quatro rotores e 12 pás, que ficará em testes por um ano na Dinamarca. “Ela vai revolucionar a geração de energia eólica”, adianta Zamprona. “O objetivo é reduzir de forma substancial o custo da energia produzida.”

Fonte: Valor Econômico