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Energisa pode abrir caminho para novas ofertas de ações

Energisa pode abrir caminho para novas ofertas de ações

Em: 15/07/2016 às 14:02h por

Iniciada na semana passada, a apresentação aos investidores da oferta da Energisa conta com reservas que superam em mais de 1,5 vez o volume de papéis que a distribuidora e geradora de energia pretende vender, segundo o Valor apurou. A transação se propõe a levantar cerca de R$ 1,1 bilhão em recursos novos para a companhia.

Em um ano bastante fraco para o mercado de capitais, o apetite dos investidores pelas units da distribuidora e geradora de energia tem o potencial de dar a largada a outras ofertas de ações de companhias brasileiras.

O clima ainda é de um otimismo bastante moderado, mas que leva investidores, analistas e banqueiros a crer que um espaço para novas operações se abrirá entre setembro e outubro.

Até agora neste ano, apenas a Rumo Logística conseguiu atrair recursos de investidores da bolsa de valores. As operações do banco Mercantil do Brasil e da Brasil Pharma contaram com a injeção de dinheiro dos controladores ou de novos sócios específicos.

Pela importância que a operação da Energisa pode ter na reabertura da captação de recursos via ações, bancos de investimento estão com um cuidado redobrado para que os papéis da distribuidora na bolsa de valores caiam no agrado tanto de investidores quanto dos principais acionistas da companhia, a família Botelho.

Caso isso se concretize, outras empresas já listadas em bolsa, com nomes conhecidos dos investidores, devem lançar ofertas de ações. São os chamados "follow-ons", ou ofertas subsequentes. Entre as candidatas estão, por exemplo, a empresa de energia Taesa. Cemig e o fundo Coliseu se preparam para vender uma fatia de R$ 1 bilhão de suas participações.

Fundos de private equity também poderiam aproveitar para se desfazer de alguns ativos via bolsa de valores. É o caso da operadora de turismo CVC, que tem o Carlyle como investidor.

Posteriormente, viriam os IPOs, ofertas iniciais de ações. A candidata mais forte a fazer o primeiro IPO do ano é a resseguradora IRB Brasil Re. Caixa Seguridade, se conseguir resolver algumas questões societárias, também poderia vir ainda neste ano.

Com papéis com pouca liquidez em circulação no mercado, a venda das units da Energisa é vista como uma espécie de IPO. É o que banqueiros, investidores e analistas costumam chamar de re-IPO, já que esse tipo de transação tem a capacidade de dar um novo preço a ativos já listados.

Com a captação de recursos novos, a Energisa pretende atuar como uma consolidadora no ramo de energia, à semelhança do que a Equatorial fez no passado. Parte do dinheiro captado também servirá para o pagamento de dívidas bancárias.

Ainda que o otimismo dos investidores esteja contido, é quase unânime a percepção de que o segundo semestre será bem melhor do que aquilo que se viu neste ano até agora.

Mais do que os fundamentos da economia brasileira, que ainda devem demorar para se recuperar, é a excessiva liquidez dos investidores estrangeiros que deve sustentar as ofertas de ações.

Na semana passada, o fluxo de US$ 4,3 bilhões em recursos para países emergentes foi a maior cifra semanal registrada desde 2004. Isso reforça a crença de que há espaço para ofertas de ações. No ano, o Ibovespa também já teve uma valorização de 27,98%.

Apesar disso, por conta da conjuntura política e econômica do país, os estrangeiros estão bem longe de uma euforia com o Brasil. Nesse contexto, os investidores domésticos podem ter um papel relevante nas ofertas. Um banqueiro descreve a situação atual ainda como estar "pisando em ovos" porque existe o risco de a qualquer momento um novo capítulo da Operação Lava-Jato comprometer o apetite dos investidores.

Cauteloso, o mercado também não se abrirá para qualquer tipo de companhia. Os investidores têm demonstrado mais disposição de alocar recursos em empresas com resultado mais previsível. Setores regulados de infraestrutura, como energia e rodovias, estão entre os que teriam maior receptividade. É nesse contexto que Energisa e Taesa se encaixam.

A recente aquisição da participação da Camargo Correa na CPFL Energia pela chinesa State Grid também abre as portas para as elétricas. Além de colocar um preço no ativo - um prêmio de 21,6% em relação ao fechamento da ação no dia do anúncio da compra -, existe ainda a possibilidade de a transação gerar uma oferta de aquisição de ações. Investidores expostos ao setor elétrico podem se antecipar para recompor o portfólio do setor.

Fonte: Valor