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CTG é a maior geradora privada do Brasil

CTG é a maior geradora privada do Brasil

Em: 11/10/2016 às 14:15h por

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Depois de meses de negociações, a China Three Gorges (CTG) anunciou ontem que chegou a um acordo para comprar os ativos de geração de energia da americana Duke Energy no Brasil, se consolidando como a maior geradora privada do país.

A Duke Energy Brasil tem 2.274 megawatts (MW) de potência em operação no país. São oito hidrelétricas na fronteira entre os Estados de São Paulo e Paraná, além de duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), também em São Paulo.

Na operação, os ativos da Duke no Brasil foram avaliados em US$ 1,2 bilhão. Esse montante, porém, inclui a assunção de dívida de cerca de R$ 1,4 bilhão. Em entrevista ao Valor, o presidente da CTG Brasil, Li Yinsheng, disse que ainda não foram definidas as condições do pagamento.
Com a aquisição, a CTG, que é a maior geradora hidrelétrica do mundo, chega a um portfólio de 8,27 gigawatts (GW) no Brasil.

Mesmo excluindo o percentual em construção - a hidrelétrica São Manoel, de 700 MW, parceria com a EDP Energias do Brasil e Furnas -, a chinesa tem, em operação, uma capacidade instalada maior que a da Engie (antiga Tractebel), que era até então a maior empresa privada de geração do país. Segundo dados do balanço da Engie do segundo trimestre, a empresa tinha 7 GW em operação e mais 2,3 GW em construção.
Na operação, o preço por ação da Duke Energy foi fixado em US$ 10,80, levando a operação a US$ 969,5 milhões. O preço final em reais será divulgado quando o negócio for fechado.

A transação ainda depende da aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo Yinsheng, a conclusão deve acontecer entre dois e quatro meses.
Nesse meio tempo, o foco da CTG no Brasil será na conclusão da operação, considerada "desafiadora" por envolver órgãos regulatórios no Brasil, acionistas nos Estados Unidos e na China.
"Depois disso, nossa prioridade será realizar uma fusão apropriada entre a Duke e a CTG", afirmou Yinsheng. O objetivo será consolidar todos os ativos debaixo da CTG Brasil.

As usinas da Duke Energy são localizadas na mesma região que Jupiá e Ilha Solteira, hidrelétricas que pertenciam à Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e foram adquiridas pela CTG no leilão de relicitação em novembro do ano passado. A chinesa desembolsou R$ 13,8 bilhões em bônus da outorga, mas conseguiu contratos de 30 anos de duração.
"Vamos ter sinergias resultantes da transação, pois as usinas estão na mesma região", disse Yinsheng. Segundo ele, porém, ainda não foram calculados os possíveis ganhos. A Duke Energy Brasil também já foi da Cesp. A companhia americana comprou os ativos em 1999, na privatização do setor elétrico realizada em São Paulo.
A diferença é que as hidrelétricas da Duke Energy têm contratos significativamente mais curtos, expirando de 2029 a 2033. Esse cenário se refletiu no preço pago pela CTG, disse Yinsheng. "O cálculo do preço inclui fluxo de caixa futuro descontado, então o valor incluiu o prazo da concessão", disse o executivo.
Dos 8,27 GW que a CTG tem hoje em carteira, cerca de 7,2 GW pertenceram à Cesp. Questionado sobre um possível interesse na privatização da Cesp, que hoje tem apenas concessões de três usinas, que somam 1,6 GW, Yinsheng disse não ter avaliado o ativo.

A CTG mantém interesse em realizar aquisições no setor elétrico, "mas talvez em um ritmo mais lento". De acordo com o executivo, não há definições sobre novas aquisições por enquanto.

A chinesa também não descarta entrar em leilões com novos projetos de geração de energia, com foco nas fontes solar e eólica, mas ainda não tem "oportunidades específicas" que possam ser divulgadas. A CTG não planeja participar do leilão de energia de reserva (LER) previsto para dezembro.

As negociações entre a CTG e a Duke Energy tiveram início em março deste ano. Em fevereiro, a companhia americana anunciou que pretendia se desfazer das operações na América do Sul e na América Central.
Ontem à noite, a Duke Energy anunciou ainda a venda do restante de seus ativos na região, concluindo as operações. A gestora americana I Squared Capital fechou um acordo para ficar com as operações localizadas no Peru, Chile, Equador, Guatemala, El Salvador e Argentina, por US$ 1,2 bilhão - montante que também inclui assunção de dívida.

Os ativos, que incluem hidrelétricas e termelétricas a gás natural, somam 2,3 GW de potência.
Segundo a Duke Energy, os recursos líquidos das duas operações serão utilizados para redução do endividamento da holding.

Em nota, a presidente da Duke Energy, Lynn Good, afirmou que a saída da América Latina vai permitir que a companhia se concentre nas atividades nos Estados Unidos. "É também uma vitória para a I Squared Capital e para a China Three Gorges, que estão comprando ativos de qualidade", disse. 

Fonte: Valor Econômico