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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Potencial eólico onshore brasileiro pode ser de 880 GW, indica estudo

Potencial eólico onshore brasileiro pode ser de 880 GW, indica estudo

Em: 26/10/2016 às 14:35h por

Há algum anos o setor elétrico aguarda por uma atualização do Atlas Eólico Brasileiro. A primeira e única edição foi publicada em 2001 pelo Cepel, quando se estimou que o potencial onshore (em terra) do país seria de 143,5 GW. Esse número, contudo, pode ser seis vezes maior, considerando as novas tecnologias para produção de energia a partir do vento e, principalmente, a utilização de aerogeradores posicionados a 100 metros de altura. Uma pesquisa ainda em andamento do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-Clima) estima que o potencial eólico brasileiro pode chegar a 880,5 GW, sendo que 522 GW são considerados tecnicamente viáveis.

Desenvolvido há cerca de quatro anos, o estudo envolve a cooperação de várias instituições de ensino e pesquisa nacionais e internacionais. Entre elas estão Unifei (Universidade Federal de Itajubá (MG), a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE), o CENPES (Petrobras), a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade de Oldemburgo, da Alemanha, além do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

O físico Ênio Bueno Pereira, coordenador do projeto de Energias Renováveis do INCT-Clima, explicou que os números estão fundamentados em modelos climáticos adaptados. A validação desse potencial precisa ser feita a partir do cruzamento com dados medidos em superfície. Contudo, esses dados estão sob o domínio das empresas de energia, que se recusam a compartilhar tais informações. Apesar disso, Pereira disse que tem total confiança na pesquisa e nos números apresentados até agora.

"O produto (Atlas) ainda não existe. Fizemos uma pré-avaliação e temos confiança nesses dados", afirmou o coordenador de Estudos de Recursos Renováveis de Energia do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do INPE. "A reavaliação dos dados depende de uma validação da superfície. Porém, os dados de superfície pertencem as empresas que instalaram esses parques eólicos e elas não os fornecem. O MME tem esses dados e também não pode fornecer. Estamos buscando um caminho para poder validar esses dados. Quando isso acontecer a gente pode publicar um atlas."

Pereira explicou que a Empresa de Pesquisa Energética também possuí esses dados e até os disponibiliza, mas apenas em médias mensais, o que não serve para a construção de um atlas eólico. “Estamos amarrados para produzir um atlas nacional porque não temos esses dados de superfície para validar esse atlas, nem para ajustar o modelo. Isso é uma questão crucial para que a gente possa fazer um novo atlas de energia eólica.”

Questionada, a EPE explicou que, por questões de sigilo, os dados sobre os ventos no Brasil só podem ser compartilhados com o Cepel. "A EPE forneceu todas as informações solicitadas pelo Cepel para confecção do Atlas Eólico. As informações foram enviadas nos dias 4 de maio de 2015, 5 de junho de 2016 e 14 de junho de 2016, com a autorização expressa dos agentes, no formato solicitado pelo Cepel.” A EPE não soube explicar porque o documento ainda não está pronto.

Fonte: Canal Energia