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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Proposta do governo para GSF não atende geradoras

Proposta do governo para GSF não atende geradoras

Em: 18/08/2017 às 09:42h por

A proposta do governo para solucionar a guerra judicial referente ao déficit hídrico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês) não deve ser suficiente para um acordo com os geradores hidrelétricos expostos ao problema, apurou o Valor. De acordo com executivos de três das maiores companhias envolvidas, apenas a retirada do despacho de termelétricas fora da ordem de mérito (conhecido no setor como GFOM) não é suficiente para que estes desistam das liminares, que já travam R$ 2 bilhões no mercado de curto prazo de energia. O deslocamento da energia de reserva, por exemplo, também deveria ser excluído da conta.

No total, o problema deve custar até R$ 50 bilhões ao setor neste ano, segundo especialistas. Parte significativa deste montante está sendo custeada pelos próprios consumidores de energia; outra parte está com os geradores, que são obrigados a vender menos do que poderiam para se proteger. Com isso, apesar de ficarem menos expostos, estão tendo uma redução importante das suas receitas.

Sem um acordo para acabar com a judicialização, o mercado livre de energia vai travar eventualmente. Mas os efeitos nocivos ao setor vão muito além disso, uma vez que as incertezas quanto ao futuro do GSF podem impedir novos investimentos em geração de energia no país.

Além da geração das termelétricas fora da ordem de mérito, a energia de reserva é outro problema
A China Three Gorges (CTG), por exemplo, que já desembolsou mais de R$ 15 bilhões nos últimos anos em aquisições no Brasil, se assustou com o tamanho do problema e está olhando com receio para novos negócios, apurou o Valor.

O GSF ocorre quando as hidrelétricas são obrigadas a gerar parcela menor que suas respectivas garantias físicas. Isso acontece por problemas hidrológicos, para que os reservatórios das usinas possam ser preservados na seca, mas há outros fatores que aumento o déficit.

Além da geração das termelétricas fora da ordem de mérito, a energia de reserva é outro problema. Apesar de contribuírem com energia limpa, quanto mais projetos de reserva (em sua maioria de fontes eólica, solar e biomassa) entram em operação, menor é o despacho das hidrelétricas.

Segundo o executivo de uma grande geradora hidrelétrica, o governo deveria excluir do déficit hídrico o deslocamento causado pelas fontes de energia de reserva, principalmente eólica, que têm prioridade no despacho do Sistema Interligado Nacional (SIN). "Não tem como os geradores hídricos continuarem bancando as eólicas e a energia de reserva", disse.

Segundo ele, quando foi proposto o leilão de energia de reserva, no governo anterior, a previsão era de que esse tipo de energia seria marginal na matriz brasileira. Naquela época, o governo decidiu incluir as eólicas nessa modalidade para servir de incentivo e seguro para viabilizar os investimentos do tipo. A projeção atual da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), porém, indica que essa fonte chegará a 9,8% do parque gerador do país em 2020.

Fonte: Valor Econômico