Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Geração eólica estimula as vendas de aço elétrico

Geração eólica estimula as vendas de aço elétrico

Em: 23/08/2017 às 14:02h por

Resultado da adição de silício a ligas de ferro, o aço elétrico começou a ser produzido em larga escala na primeira metade do século XX. Desde então, a tecnologia envolvida na sua produção não para de evoluir. Embora mais caros, os aços elétricos, que podem ser de grão não orientado (GNO) e de grão orientado (GO), geram economia de energia porque reduzem perdas magnéticas. Há queda de 10 Watts por quilo (W/Kg) de material para 4 W/Kg, em comparação ao aço tradicional.
Em todo o mundo, existe uma expectativa de aumento da demanda de GNO em função do desenvolvimento da produção de motores elétricos para a indústria automobilística. Mas os bons ventos que impulsionam a produção de aço elétrico de grão não orientado sopram também na cadeia de produção da energia eólica, sobretudo, no Brasil. Segundo Roberto Barbieri, assessor da área de Energia da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), embora a produção industrial no Brasil esteja vivendo momentos de baixa produtividade, os resultados do segmento de energia eólica seguem outra direção.
Levantamentos da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) apontam que, em 2016, a geração de energia eólica cresceu 55% em relação a 2015, reflexo do início da operação de 81 parques geradores. A partir do funcionamento desses parques, houve a adição de dois gigawatts (GW) à matriz elétrica brasileira. Com isso, esse setor apresentou, ao fim de 2016, a capacidade instalada de 10,75 GW, gerada em 430 parques, que representa 7% da matriz energética brasileira. Estudos da Abeeólica indicam ainda que o investimento em 2016 chegou a US$ 5,4 bilhões.
"O consumo de GNO é diretamente proporcional aos gigawatts instalados. Se aumenta o número de parques geradores de energia eólica, cresce o número de aerogeradores e, consequentemente, o consumo de GNO para a construção desse equipamento. A demanda por GNO deverá continuar aumentando em virtude do desenvolvimento dos parques de geração de energia eólica. A previsão é de que a geração de energia eólica no Brasil chegue 19 gigawatts", diz Barbieri.
Muito utilizados desde a década de 1950 no Brasil para a produção de geradores e motores elétricos, os aços elétricos GNO produzidos no país passaram por avanços tecnológicos recentes para ganhar mais competitividade. O aço elétrico GNO usado nos aerogeradores é o mesmo material escolhido para fabricar os motores elétricos da indústria automobilística.
Daniel Domingues, gerente executivo de negócios aços elétricos da Aperam South America, afirma que o Brasil tem vantagens no uso de energia eólica, principalmente no Nordeste, por causa dos ventos na região. Para Domingues, apesar de haver, nos últimos anos, a percepção da tendência de desindustrialização do país, o mercado de energia eólica apresentou um comportamento oposto.
"A cadeia de energia eólica já representa cerca de 5% dos aços elétricos GNO produzidos pela Aperam. Há um tempo, o consumo para esse segmento era praticamente nulo. Desconheço outro segmento que esteja crescendo tanto. A Aperam apresenta uma política comercial específica para esse setor, por isso estamos ampliando a parceria com integrantes da indústria de energia, no que se refere à produção de GNO", afirma.
Fonte: Valor Econômico