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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Expansão de eólica depende do sucesso dos próximos leilões

Expansão de eólica depende do sucesso dos próximos leilões

Em: 28/08/2017 às 14:11h por

O ciclo de crescimento da indústria de geração eólica está de volta ao mercado global. Em 2016, a capacidade instalada de geração desse tipo de energia chegou a quase 487 GW em todo o mundo, e a tendência é de alta nos próximos anos, segundo o Conselho Global de Energia Eólica. Nesse cenário, o Brasil conta hoje com 11,72 GW instalados em 468 parques de aerogeradores.

Trata-se da maior capacidade instalada na América Latina. No ranking global, o Brasil ocupa a nona posição, com 2,2% da capacidade total, mas há potencial para crescer muito mais. Hoje, a participação dos ventos na matriz energética do país fica pouco acima de 7%. "Acreditamos que esse tipo de geração pode chegar a responder por algo entre 25% a 30% da matriz energética brasileira", avalia José Ricardo de Oliveira, sócio de consultoria do Centro de Energia e Recursos Naturais da EY.

No Nordeste, a matriz eólica chega a responder por 50% do fornecimento de eletricidade, em alguns momentos. No entanto, nos dois últimos anos, o ritmo de expansão diminuiu por causa da crise na economia e da ausência de novos leilões. Ainda assim, em 2016, o país teve uma expansão de 2GW na sua capacidade eólica, a quinta maior alta no mercado global. A velocidade de expansão daqui para frente dependerá do sucesso dos novos leilões marcados para o final deste ano.

Um dos maiores players em energia renovável do mundo, a italiana Enel aposta que o novo modelo energético brasileiro, submetido a uma consulta pública encerrada no dia 17, pode dar novo impulso à geração eólica no país. Hoje, 30% da capacidade instalada da empresa no país correspondem a parques eólicos. São 490 MW instalados e mais 352 MW em construção, que a tornam o terceiro maior gerador eólico do país.

"Acreditamos que a geração eólica é a fonte mais competitiva para expandir o sistema de geração elétrica do Brasil e efetivamente complementa a base hidrelétrica já existente", diz Luigi Parisi, responsável pela Enel Green Power.

A empresa considera que o modelo de usinas híbridas como a que vem operando em Pernambuco é um caminho para a inovação no setor eólico brasileiro. Hoje, a Enel Green Power opera a primeira planta híbrida do país, que combina 11 MW da planta Fontes Solar com 80 MW do parque eólico Fontes dos Ventos.

Os novos leilões também chegam em boa hora para os fornecedores da indústria de energia eólica. Desde 2016, as empresas vinham sofrendo com a falta de novos projetos. Praticamente todas as usinas já licitadas fecharam suas compras de equipamentos, deixando os fabricantes em dificuldades. A Tecsis, uma das principais fabricantes de pás para aerogeradores, não resistiu e pediu falência este ano, fechando sua principal unidade, em Sorocaba, e demitindo sete mil funcionários. A fabricante indiana de turbinas Suzlon também anunciou este ano sua decisão de deixar o país.

Apesar das dificuldades, o Brasil continua nos planos de grandes empresas, como a GE, que dobrou o número de turbinas instaladas no país, chegando a 2.200 unidades e consolidando a liderança no mercado local. A expectativa é chegar a 2.700 até o final do ano. "Apesar do cenário desafiador, o setor energético, especialmente o eólico, segue em expansão", avalia Jean-Claude Robert, líder da GE Wind para América Latina.

Fonte: Valor Econômico