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Setor elétrico: lições estratégicas da China para o Brasil

Setor elétrico: lições estratégicas da China para o Brasil

Em: 04/09/2017 às 11:45h por

O atual século reflete o rápido desenvolvimento estratégico da política energética da China. Os investimentos em energia sob um cunho geopolítico chinês incluem projetos energéticos, parcerias e aquisições de empresas em países ao redor do mundo, fortemente na América do Sul e sobretudo no Brasil. A China, hoje, é um peso pesado no setor de energia global com um menu diversificado de fontes energéticas na sua matriz: petróleo, gás, carvão, nuclear, eólica e solar.

Esse país, seguindo sua meta estratégica, mesmo sob uma pressão mundial de diminuição das emissões de CO2, produz e consome muito carvão. Essa fonte responde por cerca de 60% de sua matriz energética, contra 25% para a média mundial. Assim, por consequência, a China também é campeã da poluição do ar. A qualidade do ar em certas cidades chinesas é muito ruim. Mas para que o crescimento econômico fosse acelerado, como ocorreu nas últimas décadas, o suprimento energético para atender à industrialização talvez tenha sido propositalmente planejado, sem priorizar as consequências maléficas em relação ao clima do planeta e até mesmo em relação à saúde de sua população. Parece que foi uma tática que o país, em uma primeira fase, programou: crescimento econômico com altas taxas do PIB, uma forte industrialização e utilizando fontes energéticas tradicionais.

Em um segundo momento, dentro de seu planejamento energético, implementou investimentos em energias renováveis. Atualmente a produção de energia solar da China mais que dobrou em 2016, sendo os chineses os maiores geradores mundiais de energia solar em termos de capacidade. Cabe ainda assinalar que a China é também um líder mundial em termos de plantas instaladas de energia eólica. O resultado é que hoje os chineses são os maiores produtores e consumidores mundiais de energia.

Um outro segmento importante, para exemplificar como a China tem um planejamento energético estratégico, é a sua inserção no chinamercado mundial de petróleo. A China tem um nível de importação mensal de petróleo que oscila entre 8 a 9 milhões de barris/dia e usou com habilidade a diversificação de seus fornecedores. Hoje os chineses tem 03 grandes fornecedores: Rússia, Arábia Saudita e Angola. Além desses, também exportam petróleo para a China o Irã, o Iraque e Omã. Enfim, há um leque de fornecedores que traz uma maior diversificação na cadeia de fornecimento (1)

Dentro das estratégias externas da China, o Brasil é um país que atrai um forte interesse das empresas chinesas. A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China aponta que, em relação aos segmentos de petróleo e energia elétrica, já existem empresas chinesas bem posicionadas, como a CNPC e CNOOC que, inclusive, são sócias da Petrobras. Observa-se, ainda, que as petroleiras chinesas Sinochem e Sinopec também buscam aportar mais investimentos no Brasil.

No setor elétrico brasileiro, a State Grid e China Three Gorges cresceram rapidamente a sua participação no ranking das empresas chinesas que atuam nesse segmento. Os movimentos empresariais chineses são tão rápidos que fica difícil acompanhar as alterações no mapa das participações das empresas chinesas no país. Em 2016, por exemplo, a State Grid, adquiriu a CPFL. A China Three Gorges comprou hidrelétricas da Cesp e ativos da Duke Energy. Em junho desse ano, a Eletrobras informou ao mercado que a Eletrosul e a Shanghai Electric Power Transmission and Distribution Engineering assinaram acordo preliminar, envolvendo a transferência de projetos de transmissão de energia no Rio Grande do Sul. A State Power Investment Corp (SPIC) sinalizou à Cemig e à Odebrecht, que compartilham o controle da usina, o interesse por uma parte na hidrelétrica de Santo Antônio(2).

Fonte: Ambiente Energia